Dados recentes da Adobe revelam que 77% dos usuários americanos já utilizam o ChatGPT como mecanismo de busca.
Os dados mostram que além dos 77% que já utilizam o ChatGPT como mecanismo de busca, 24% preferem começar suas pesquisas na plataforma de inteligência artificial ao invés do Google. Esta tendência indica uma transformação estrutural no comportamento de busca que pode redefinir a soberania digital.
O fenômeno não se limita aos Estados Unidos. No Brasil, uma pesquisa da Conversion em parceria com a ESPM demonstra que 93% dos brasileiros conectados conhecem ferramentas de IA generativa, com 49,7% utilizando-as diariamente. .
A ascensão das buscas conversacionais
O ChatGPT conquistou usuários ao oferecer respostas diretas e contextualizadas, eliminando a necessidade de navegar por múltiplas páginas. Segundo a pesquisa da Adobe, 54% dos usuários escolhem a plataforma porque ela consegue resumir tópicos complexos rapidamente, enquanto 33% apreciam a redução no número de cliques necessários.
A Geração Z lidera esta transformação comportamental, com 28% iniciando suas buscas diretamente no ChatGPT. Contudo, a adoção se distribui uniformemente entre faixas etárias: 80% da Geração X, 77% da Geração Z, 75% dos millennials e 74% dos baby boomers já experimentaram a ferramenta como mecanismo de busca.
Os casos de uso mais frequentes incluem questões cotidianas (55%) e tarefas criativas ou brainstorming (53%). Além disso, 21% buscam aconselhamento financeiro e 13% utilizam a plataforma para compras online, demonstrando a expansão para áreas tradicionalmente dominadas por buscadores convencionais.
Descoberta de marcas em ambiente conversacional
A pesquisa da Adobe revela que 36% dos usuários descobriram novos produtos ou marcas através do ChatGPT, com destaque para a Geração Z (47%) e Geração X (37%). Este dado indica que buscas conversacionais não apenas respondem perguntas, mas também influenciam decisões de compra e descoberta de marcas.
Ao contrário dos anúncios pagos do Google, as menções no ChatGPT surgem naturalmente no contexto das respostas, potencialmente gerando maior credibilidade e engajamento.
Diferentemente do Google, que exibe anúncios ao lado de resultados orgânicos, as respostas sintetizadas da OpenAI não comportam facilmente inserções promocionais sem comprometer a experiência do usuário.
Esta limitação estrutural pode representar uma vantagem competitiva significativa. Enquanto o Google precisa equilibrar a relevância dos resultados com receita publicitária, o ChatGPT pode focar exclusivamente na qualidade das respostas. Tal dinâmica explica por que 30% dos usuários já confiam mais no ChatGPT do que em mecanismos tradicionais.
O Google respondeu com o desenvolvimento do AI Mode e AI Overviews, tentando incorporar elementos conversacionais mantendo espaços publicitários. Entretanto, esta abordagem híbrida pode não ser suficiente para competir com a experiência puramente conversacional oferecida pela OpenAI.
A batalha pela soberania das buscas
A migração do ChatGPT do Bing para o Google como mecanismo de busca demonstra a interdependência atual entre sistemas. Análises técnicas revelam 90% de similaridade entre resultados do ChatGPT e Google, comparado a apenas 30% com o Bing, indicando que a infraestrutura do Google permanece fundamental mesmo para concorrentes.
Contudo, a tendência de crescimento das buscas conversacionais é imparável. O tráfego via IAs como ChatGPT e Gemini cresceu 527% nos Estados Unidos entre janeiro e maio de 2025, demonstrando aceleração na adoção.
Implicações para o futuro da busca
A coexistência entre buscas tradicionais e conversacionais parece ser o cenário mais provável no médio prazo. Usuários podem preferir o ChatGPT para consultas específicas e complexas, mantendo o Google para navegação exploratória e descoberta de conteúdo.
A pressão sobre modelos de monetização forçará inovações tanto no Google quanto na OpenAI. O primeiro precisará integrar elementos conversacionais sem comprometer receitas publicitárias, enquanto a segunda deverá desenvolver formas sustentáveis de monetização que não prejudiquem a experiência conversacional.
O ChatGPT pode não derrotar o Google rapidamente, mas já demonstrou que existe demanda por alternativas ao modelo tradicional de busca. Esta pressão competitiva beneficia usuários através de inovação acelerada e experiências mais personalizadas, independentemente de qual plataforma eventualmente prevalecerá na batalha pela soberania das buscas.