Dados recentes revelam que a queda nas taxas de cliques (CTR) se intensificou ao longo de 2025, confirmando tendências que o mercado vem observando desde o lançamento do recurso.
Quando as AI Overviews aparecem nos resultados e uma marca não está citada, o CTR orgânico caiu 65% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para as campanhas pagas, a queda chega a 78% no mesmo cenário.
Para chegar a esses resultados, o estudo analisou mais de 3.100 termos de busca informacionais e educacionais entre junho de 2024 e setembro de 2025. Os dados abrangem 42 organizações, totalizando 25,1 milhões de impressões orgânicas e 1,1 milhão de impressões pagas durante o período analisado.
A queda generalizada afeta até buscas sem AI Overviews
Um aspecto inesperado do relatório revela que mesmo as pesquisas sem a presença do recurso de IA registram declínio considerável. O CTR orgânico para essas consultas caiu 46% na comparação anual, enquanto o CTR pago diminuiu 20% no mesmo período.
Essa tendência sugere mudanças mais amplas no comportamento de busca dos usuários. A expansão para plataformas de inteligência artificial como ChatGPT e Perplexity, além do aumento das buscas diretas em sites confiáveis, contribui para esse cenário de transformação.
Além disso, os dados mostram que as consultas que hoje ativam as AI Overviews já apresentavam CTRs historicamente mais baixos. Em junho de 2024, essas consultas registravam CTR orgânico de 1,76%, contra 2,74% das consultas sem o recurso de IA.
A citação nas AI Overviews surge como diferencial competitivo
As marcas citadas nos resumos de IA apresentam desempenho superior mesmo em meio ao declínio geral. Quando uma empresa aparece mencionada no resumo, o CTR orgânico é 35% maior comparado a quando não há citação. Para os anúncios pagos, essa vantagem chega a 91%.
Nesse contexto, a Conversion já havia identificado que apenas 1% dos usuários clicam nos links citados dentro dos próprios resumos de IA. No entanto, a presença nesses resumos parece funcionar como validação de autoridade, influenciando o comportamento de clique nos resultados tradicionais.
Por outro lado, os dados do Pew Research Center também corroboram essas descobertas. O estudo mostrou que 26% dos usuários encerram completamente suas sessões após visualizar uma página com o recurso, comparado a 16% em páginas com resultados tradicionais.
O investimento bilionário do Google sinaliza permanência da tendência
Enquanto isso, o compromisso do Google com a inteligência artificial fica evidente nos números. A Alphabet anunciou investimentos entre US$ 75 e 85 bilhões em IA para 2025, direcionados principalmente para a infraestrutura de data centers e o desenvolvimento do Google Gemini.
Essa magnitude de investimento indica que as AI Overviews não representam um experimento temporário. O Google considera o recurso como elemento central do futuro da busca na internet, apesar dos impactos no ecossistema de publishers e anunciantes.
Paralelamente, a expansão do recurso acompanha uma tendência já estabelecida. As “buscas de zero clique” representavam cerca de 60% de todas as pesquisas no Google antes mesmo da popularização da funcionalidade, segundo dados da SparkToro.
Os padrões de queda mostram aceleração em 2025
Já o CTR para anúncios pagos em consultas com AI Overviews apresentou comportamento volátil. De 19,70% em junho de 2024, caiu para apenas 3,26% em julho de 2025, com recuperação parcial para 6,34% em setembro do mesmo ano.
Essa queda abrupta levanta questões sobre mudanças no layout das páginas de resultados. A possibilidade de alterações que empurram os anúncios para posições menos visíveis em consultas com o recurso de IA merece investigação pelos anunciantes.
Da mesma forma, para as consultas orgânicas com AI Overviews, o CTR caiu de 1,76% em junho de 2024 para 0,61% em setembro de 2025. Isso representa menos de um clique a cada 100 impressões, um patamar que desafia os modelos tradicionais de atribuição e ROI.
Os fatores técnicos determinam a inclusão nas AI Overviews
No aspecto técnico, a seleção de conteúdo para citação nos resumos de IA segue padrões identificáveis. Wikipedia, YouTube e Reddit representam 15% de todas as referências em resumos de IA, segundo análise do Pew Research Center.
Além disso, os sites governamentais (.gov) aparecem em 6% das AI Overviews, três vezes mais que sua presença em resultados tradicionais (2%). Essa preferência por fontes institucionais reflete a priorização de confiabilidade pelos algoritmos de IA do Google.
Por outro lado, a estruturação adequada do conteúdo permanece fundamental. Os textos organizados em blocos facilmente extraíveis, com cabeçalhos claros e dados estruturados através de schema markup, aumentam as chances de citação pela inteligência artificial.
A convergência entre resultados orgânicos e AI Overviews
Paralelamente, os estudos recentes da Conversion mostram que a convergência entre AI Overviews e resultados orgânicos cresceu de 32,3% para 54,5%. Isso significa que mais da metade das fontes citadas pela IA também aparecem nos primeiros resultados orgânicos.
Essa convergência varia conforme o setor. O segmento de saúde lidera com 75,3% de sobreposição, enquanto o e-commerce alcança apenas 38,7%, indicando oportunidades diferenciadas conforme o nicho de atuação.
Nesse sentido, o conceito de E-E-A-T (Experience, Expertise, Authoritativeness, Trustworthiness) mantém a sua relevância. Os sites que demonstram expertise consistente e atualização regular de conteúdo têm maior probabilidade de serem selecionados pelos sistemas de IA.
Uma reflexão sobre o futuro da busca
Os dados apresentados pela Seer Interactive não apenas confirmam as tendências observadas ao longo dos últimos anos, mas revelam uma aceleração na transformação do ecossistema de busca. A queda generalizada nas taxas de cliques, mesmo em consultas sem AI Overviews, sugere mudanças fundamentais que transcendem a simples adição de resumos gerados por inteligência artificial.
O investimento massivo do Google em IA, combinado com a persistência das quedas de CTR ao longo de 15 meses de monitoramento, indica que estamos diante de uma nova realidade permanente, não de uma fase de transição. As empresas que reconhecerem essa mudança estrutural e adaptarem suas estratégias adequadamente estarão melhor posicionadas para atuar neste novo paradigma da busca digital.
A questão não é mais se os resumos de IA vão impactar o tráfego orgânico, mas como as marcas podem construir autoridade e relevância em um ambiente onde a resposta direta ao usuário se tornou a prioridade do buscador. O desafio para os profissionais de marketing digital será equilibrar a necessidade de visibilidade com a construção de valor de marca que transcenda as métricas tradicionais de cliques e sessões.