O aplicativo móvel do ChatGPT atingiu seu platô de crescimento, segundo análise da Apptopia divulgada esta semana.
Os dados revelam uma queda de 8,1% nos downloads mensais projetada para outubro. Além disso, houve redução de 22,5% no tempo médio gasto por usuário desde julho. Essa desaceleração ocorre em um momento importante da disputa entre a OpenAI e o Google pelo domínio do mercado de inteligência artificial generativa.
O momento da estagnação coincide com o avanço intenso do Google no segmento móvel. Em setembro de 2025, o aplicativo Gemini conquistou o primeiro lugar na App Store americana após o lançamento do modelo de imagem Nano Banana. A ferramenta do Google registrou crescimento de 46% no tráfego. Enquanto isso, a plataforma da OpenAI enfrenta sua primeira crise real de crescimento desde o lançamento do aplicativo móvel.
Por outro lado, os números globais contam uma história diferente da situação móvel. O ChatGPT mantém 800 milhões de usuários ativos semanais, processando 6 bilhões de tokens por minuto através de sua API. Essa discrepância entre o desempenho geral e o móvel sugere uma mudança significativa no comportamento dos usuários. Eles parecem preferir as interfaces desktop para interações mais elaboradas com a inteligência artificial.
A experiência do usuário deteriora após as mudanças no GPT-5
O lançamento do GPT-5 em agosto de 2025 marca um ponto de inflexão na trajetória móvel da plataforma. A OpenAI modificou deliberadamente a personalidade do modelo, tornando-o menos “sycophantic” e mais profissional.
Os usuários relataram que o novo modelo perdeu características que tornavam a interação mais natural e envolvente. Isso resultou em uma experiência menos satisfatória, especialmente em dispositivos móveis.
As métricas confirmam o impacto dessas mudanças. As sessões médias por usuário caíram 20,7% nos Estados Unidos. Isso indica que as pessoas abrem o aplicativo com menos frequência. O padrão sugere que os usuários não apenas gastam menos tempo no app, mas também encontram menos razões para retornar durante o dia.
Além disso, a competição aproveitou esse momento de vulnerabilidade. O Gemini do Google oferece uma experiência mais integrada ao ecossistema Android. Ao mesmo tempo, mantém uma personalidade mais consistente em suas interações. O Claude e o Perplexity também ganharam terreno, com o mercado de IA generativa se fragmentando rapidamente após um período de domínio quase absoluto da OpenAI.
Desktop é a plataforma preferencial para IA
A análise dos padrões de uso revela uma tendência clara: as tarefas elaboradas de IA migram para o desktop. Os profissionais que utilizam a ferramenta para programação, análise de dados ou criação de conteúdo extenso preferem telas maiores e interfaces mais completas. O mobile permanece relegado a consultas rápidas e interações simples.
Essa divisão reflete as limitações dos dispositivos móveis para trabalho intensivo com IA. Digitar prompts longos, revisar respostas extensas e iterar sobre resultados elaborados torna-se frustrante em telas pequenas.
Por outro lado, muitas funcionalidades avançadas da plataforma, como análise de documentos e geração de código, funcionam melhor em ambientes desktop. O fenômeno não se limita ao ChatGPT.
Os dados do mercado mostram que todas as principais plataformas de IA generativa registram uso desproporcional em desktop em relação ao mobile. Mesmo o Gemini, apesar do sucesso recente no mobile, reporta que as interações mais longas e produtivas acontecem principalmente em computadores.
A competição se intensifica com o Google dobrando as apostas no mobile
O Google transformou o Gemini na ponta de lança de sua estratégia móvel contra a OpenAI. A integração nativa com o Android, o acesso aos serviços do Google e as funcionalidades exclusivas como edição de imagens posicionam a ferramenta como alternativa atraente no mobile.
A empresa investe pesadamente em tornar a IA parte integral da experiência móvel, não apenas um aplicativo adicional. A estratégia parece funcionar.
O Gemini conquistou 13,4% do mercado de IA generativa. Enquanto isso, a plataforma da OpenAI viu sua participação cair de 87% para 62,5% em 2025. Embora a empresa mantenha uma liderança confortável, a trajetória indica uma erosão gradual de seu domínio. Isso acontece especialmente no segmento móvel, onde o Google possui vantagens estruturais.
Em resposta, a OpenAI desenvolve o AgentKit e expande o ecossistema de aplicações dentro de sua plataforma. No entanto, essas inovações focam principalmente na experiência desktop. Isso sugere um reconhecimento tácito de que o futuro da IA produtiva reside em plataformas com mais recursos computacionais e interfaces mais ricas.
As implicações para as estratégias de marketing digital
A estagnação do ChatGPT móvel não diminui a importância do Generative Engine Optimization (GEO) para as empresas. Pelo contrário, a consolidação do mercado em torno de usuários estabelecidos torna ainda mais importante a presença otimizada nas respostas de IA.
As empresas que negligenciam o GEO agora arriscam ficar permanentemente fora do radar de milhões de usuários. A fragmentação do mercado entre múltiplas plataformas exige uma abordagem mais sofisticada.
As marcas precisam otimizar o conteúdo não apenas para o ChatGPT, mas também para o Gemini, o Claude e outras IAs em ascensão. Cada plataforma possui peculiaridades em como seleciona e apresenta as informações, demandando estratégias customizadas.
Além disso, o foco em desktop reforça a necessidade de conteúdo mais profundo e autoritativo. Os usuários que acessam a IA em computadores buscam análises elaboradas e informações detalhadas, não apenas respostas rápidas. Isso favorece as empresas que investem em autoridade temática e produção de conteúdo especializado.
O futuro aponta para a especialização de plataformas
O platô do ChatGPT móvel sinaliza a maturação do mercado de IA generativa. A fase de crescimento explosivo e experimentação desenfreada cede lugar ao período de consolidação e especialização. As diferentes plataformas encontram nichos específicos: a ferramenta da OpenAI no desktop profissional, o Gemini no mobile integrado, o Claude em análises profundas.
Para a OpenAI, o desafio transcende as métricas de crescimento. A empresa precisa reconciliar sua visão de IA avançada com as expectativas de usuários acostumados a interfaces mais personáveis. O equilíbrio entre capacidade técnica e experiência do usuário determinará se a plataforma mantém a liderança ou cede espaço gradualmente para os competidores.
Enquanto isso, o mercado brasileiro observa atentamente esses desenvolvimentos. Com 70% do uso de IA sendo pessoal segundo estudos da própria OpenAI, a preferência por desktop em relação ao mobile tem implicações diretas. Isso afeta como as empresas locais devem estruturar suas presenças na internet. A janela de oportunidade para estabelecer liderança em GEO permanece aberta, mas o tempo para ação diminui conforme os padrões de uso se cristalizam.