A hora e vez do e-commerce brasileiro

Isabella Carvalho
Isabella Carvalho

O e-commerce brasileiro registrou o 3º melhor mês de sua história. De acordo com um relatório produzido pela agência Conversion, o comércio eletrônico no Brasil alcançou a marca de 1,29 bilhões de acessos no mês de julho, atrás apenas de maio de 2020 e novembro de 2019 — datas marcadas pelo dia das mães e Black Friday. Esse crescimento acelerado não foi por acaso. A pandemia causada pelo novo coronavírus fez o e-commerce explodir no país. 

O isolamento social alterou padrões de trabalho, hábitos da população e transformou o cotidiano naquilo que chamamos de “novo normal”. Foi neste contexto que o perfil de consumo das pessoas também mudou. Muitas delas passaram a adotar, pela primeira vez, as compras online. Por outro lado, muitas das lojas tiveram que reforçar sua estrutura, atendimento e processos para receber um grande volume de novos compradores.

Em entrevista à Forbes Brasil, Maurício Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ressaltou que em crises passadas, não só no Brasil, o e-commerce não deixou de crescer, mesmo com retração do PIB e outras dificuldades.

“A percepção do consumidor é de que comprar pela internet é sempre mais barato, então em épocas de crise o e-commerce acaba sendo um canal interessante porque permite pesquisar preços”, afirmou o executivo.

Um movimento sem volta para o comércio online

Ao mesmo tempo em que as lojas e shopping centers estão reabrindo gradativa e parcialmente no Brasil, o e-commerce não pára de crescer e mudou para sempre o hábito de compras do consumidor. Aqueles que experimentaram as compras online pela primeira vez ou até mesmo os que intensificaram a prática dificilmente deixarão o hábito para trás, seguindo o caminho de países como Estados Unidos, França e Reino Unido, onde o e-commerce já é mais estabelecido. Ou seja, o coronavírus acelerou um movimento e a evolução da presença no digital em terras brasileiras.

De acordo com o relatório da Conversion, 86% dos brasileiros conectados à internet realizaram compras durante a pandemia. O levantamento foi realizado com 395 pessoas a partir de 18 anos. Desse total, 38% realizaram de 2 a 5 compras. Esses clientes foram incentivados e influenciados a comprar produtos pela internet principalmente pelo Google. O buscador foi citado por 63% dos entrevistados. 

Plataformas como Instagram e Facebook também participaram da decisão de compra desses brasileiros, mencionadas por 46,45% e 46,15% respectivamente. Os clientes ainda citaram a indicação de amigos, opinião de outras pessoas, WhatsApp, TV e e-mail como canais que mais influenciaram neste processo. Os produtos comprados durante este período foram diversos: desde roupas, acessórios, cosméticos, móveis e itens de informática até livros, eletrodomésticos, brinquedos e cursos.

“A pandemia trouxe uma mudança drástica na forma como vivemos e nos relacionamos. Ela fez com que as pessoas ficassem mais conectadas e engajadas, mas percebo que essa transformação e migração para o digital já vinha acontecendo antes da Covid-19. Esse movimento se intensificou e se mostrou eficiente — as pessoas conseguem se conectar, acessar e encontrar o que elas procuram”, ressalta Letícia Castro, Business Intelligence na Conversion e uma das responsáveis pelo relatório. 

Varejistas registraram um salto no e-commerce

O relatório indica que sites de e-commerce tiveram 15 bilhões de acessos no Brasil nos últimos 12 meses. Entre janeiro de 2020 e julho do mesmo ano, foram mais de 8 bilhões de acessos. O estudo também avaliou os números das maiores lojas do Brasil e as taxas de crescimento em uma comparação entre fevereiro e julho deste ano. Empresas como Mercado Livre, Americanas e Amazon Brasil registraram um aumento no número de acessos de 18%, 38% e 46% respectivamente. Juntas, as companhias acumularam mais de 440 milhões de acesso em julho de 2020.

A Casas Bahia, uma das maiores redes varejistas do país, registrou o maior salto de crescimento: 67%. Foram mais de 54 milhões de acessos em julho deste ano. O e-commerce da empresa tem a maior taxa de crescimento YoY (Year over Year) dentre os maiores players: de 95%. E não foi por acaso: o salto faz parte de uma reestruturação da Via Varejo, grupo por trás da marca, que criou novas alternativas para que os clientes continuassem fazendo compras de forma remota. O WhatsApp foi uma delas.

“A companhia já virou online, teve 70% de seu faturamento do segundo trimestre vindo do digital e, por vários momentos, chegou a ter 100% das receitas vindas do online quando todas as lojas físicas estavam fechadas”, ressaltou Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo, em uma live transmitida pela InfoMoney. 

O executivo ainda afirmou que a empresa mudou a forma como enxerga suas lojas. “Estamos olhando para elas por três pilares: a loja que se relaciona com os nossos consumidores e presta todo serviço com excelência em atendimento, a loja como ponto de coleta dos itens vendidos pelo online, seja pelo vendedor online ou pelas nossas plataformas, e as lojas como minihubs para executar a entrega de last-mile“, afirmou.

Reavaliar processos e olhar de maneira diferente para o negócio são tendências que devem permanecer. “Percebo que essa pandemia trouxe mudanças principalmente para as empresas. A partir de agora, elas devem se mostrar presentes e trazer segurança para o consumidor. Além disso, precisam estar preparadas para essa transformação digital”, ressalta Letícia. 

Setores em alta

O isolamento social fez com que alguns setores registrassem consideráveis altas em suas vendas, como aponta o levantamento realizado pela Conversion, que analisou as 50 principais lojas online do Brasil. O de Casa e Móveis foi um deles, com um crescimento de 67% em relação ao início da pandemia. A categoria atingiu 451 milhões de acessos nos últimos 12 meses, com cerca de 188 milhões entre abril e julho. Os principais sites do segmento se beneficiaram desse salto. 

Em julho deste ano, o Madeira Madeira registrou 15 milhões de acessos em seu e-commerce. Em agosto do ano passado, foram cerca de 9 milhões. Outras empresas como Leroy Merlin, Mobly e TokStok também tiveram um grande número de visitas, com 13 milhões, 4 milhões e 2 milhões de acessos respectivamente. Esse crescimento foi impulsionado, principalmente, pelo home office e novas rotinas em casa e pela necessidade da compra de itens que melhorem essas experiências.

Além do setor de Casa e Móveis, outro segmento registrou um crescimento acelerado nestes últimos meses: Moda e Acessórios. O setor cresceu mais de 66% em relação ao início da pandemia e atingiu 965 milhões de acessos nos últimos 12 meses. Grande parte desse fluxo foi registrado entre maio e julho deste ano, com mais de 290 milhões de visitas nos principais sites do segmento.

Setores como Pets, Comidas e Bebidas e Infantil também se destacaram neste período de pandemia, com um crescimento de 61%, 57% e 47% em uma comparação entre fevereiro de 2020 e julho do mesmo ano. Por outro lado, Turismo foi o setor mais afetado negativamente e o único a registrar queda: – 55% desde o início da pandemia. Em relação a janeiro deste ano, o segmento diminuiu seu crescimento em 63%.

Esse é apenas o começo

Os números mostram que a pandemia impulsionou o e-commerce no Brasil e acelerou a adoção de novas ferramentas, assim como novos hábitos do consumidor. Empresas dos mais diversos setores precisaram se readaptar, aprimorar seus processos e realizar investimentos para suprir uma demanda que cresceu nos últimos meses. Mas, esse é apenas o início de um movimento.

“O e-commerce só tende a crescer. Setores vão passar por uma transformação digital para estar cada vez mais presentes nesse meio e melhorar sua performance. Acredito que é um momento de mudança principalmente para as empresas, que agora devem se tornar mais digitais e olhar com mais atenção para o consumidor online. Aquelas que não fizerem essa transformação, ficarão para trás. É um movimento necessário”, ressalta Letícia.

Escrito por Isabella Carvalho

Escrito por Isabella Carvalho

Escrito por Isabella Carvalho

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