A inteligência artificial não está substituindo a busca tradicional. Pelo contrário, está expandindo as possibilidades de pesquisa.
Essa foi a mensagem central transmitida por Robby Stein, o vice-presidente de Produto do Google Search, em entrevista recente ao podcast de Lenny Rachitsky. As declarações do executivo chegam enquanto os profissionais debatem o futuro do SEO diante do avanço dos sistemas de IA.
O executivo revelou dados sobre o crescimento das buscas e detalhou como a arquitetura técnica do AI Mode mantém os princípios do SEO relevantes. A entrevista aborda aspectos técnicos como query fan-out e decomposição de consultas. Também esclarece como o Generative Engine Optimization (GEO) representa evolução natural das práticas de otimização, não sua substituição.
Para o mercado brasileiro, onde estudos recentes da Conversion mostram que 77,6% das buscas no AI Mode não geram cliques, as revelações de Stein oferecem contexto importante sobre como lidar com essa transformação.
A expansão da busca impulsionada pela inteligência artificial
O Google registra mais buscas do que nunca, contrariando narrativas sobre o declínio da pesquisa tradicional. Stein revelou que o Google Lens experimenta crescimento de 70% ano sobre ano em buscas visuais, totalizando bilhões de pesquisas mensais. Esse crescimento demonstra como a IA está criando novas formas de busca, não eliminando as existentes.
Além disso, a expansão acontece porque os usuários fazem perguntas mais complexas, conversacionais e multimodais. O executivo explicou que as pessoas continuam buscando informações específicas como números de telefone, preços, direções e páginas de pagamento. Essas necessidades básicas permanecem inalteradas. O que muda é a capacidade de fazer perguntas que antes eram impossíveis de formular ou responder.
Por sua vez, o conceito de momento expansivo define essa transformação. A IA permite que curiosidades antes não atendidas encontrem respostas através de interfaces mais naturais. Os usuários não precisam mais traduzir pensamentos em palavras-chave fragmentadas. Podem expressar necessidades informacionais completas em linguagem natural, expandindo o universo de consultas possíveis.
AI Mode: arquitetura técnica que preserva os princípios do SEO
O AI Mode representa uma camada adicional sobre a infraestrutura existente do Google Search, não sua substituição. Stein detalhou como o sistema cria uma experiência de busca de ponta a ponta utilizando modelos de última geração. A tecnologia permite conversações contínuas e acessa todo o conhecimento estruturado do Google, incluindo 50 bilhões de produtos no Shopping Graph atualizados 2 bilhões de vezes por hora.
Enquanto isso, a técnica de query fan-out constitui elemento central dessa arquitetura. Quando o sistema recebe uma consulta, ele a decompõe em dezenas de sub-pesquisas executadas simultaneamente. Uma pergunta sobre “melhor SUV elétrico” pode gerar consultas sobre autonomia, preço, avaliações, comparações e especificações técnicas. Cada sub-consulta busca informações específicas que são sintetizadas na resposta final.
Esse processo mantém a mecânica básica da busca operacional. O AI Mode não inventa informações ou gera conteúdo do nada. Ele pesquisa, analisa e sintetiza dados existentes no índice do Google. A diferença está na velocidade e sofisticação dessa pesquisa.
Enquanto os humanos fazem consultas sequenciais, o sistema executa dezenas de buscas paralelas em milissegundos. A preservação dos sinais de qualidade tradicionais garante continuidade das práticas de SEO. Stein confirmou que os critérios estabelecidos nas diretrizes de qualidade do Google permanecem válidos.
Satisfazer a intenção do usuário, citar fontes, oferecer informação original e demonstrar autoridade continuam sendo fatores determinantes para visibilidade, agora em respostas de IA.
Query fan-out: a decomposição inteligente que valoriza a autoridade temática
A decomposição de consultas através do query fan-out transforma como o Google processa perguntas complexas. Essa técnica representa evolução em relação à busca tradicional que processava consultas de forma linear. O sistema agora gera múltiplas consultas sintéticas que exploram diferentes aspectos da necessidade informacional.
Por outro lado, o processo cria oportunidades para sites com autoridade temática profunda. Quando o AI Mode decompõe uma consulta, ele busca fontes especializadas para cada aspecto da questão. Sites que cobrem tópicos de forma ampla têm maior probabilidade de serem consultados durante múltiplas sub-pesquisas. Isso valoriza estratégias de conteúdo que constroem clusters temáticos robustos.
Dessa forma, a implicação prática para os profissionais de SEO é clara. Ranquear para a palavra-chave principal não garante mais visibilidade completa. É necessário desenvolver cobertura ampla sobre temas relacionados, antecipando possíveis decomposições que o sistema pode realizar. A autoridade temática torna-se mais valiosa que o posicionamento isolado para termos específicos.
GEO surge como expansão natural do SEO tradicional
O Generative Engine Optimization representa uma adaptação necessária das práticas de otimização para a era da IA. Stein abordou diretamente o surgimento do GEO, confirmando que os princípios básicos do SEO permanecem aplicáveis. A diferença está em como esses princípios são interpretados e aplicados por sistemas de inteligência artificial.
Nesse sentido, o executivo enfatizou que o conteúdo de qualidade continua sendo fator determinante. Páginas que satisfazem a intenção do usuário, citam fontes confiáveis e oferecem informação original têm maior probabilidade de aparecer em experiências de IA. Esses critérios espelham exatamente as diretrizes de qualidade que o Google promove há anos através de suas atualizações algorítmicas.
Para os criadores de conteúdo, o executivo ofereceu um conselho prático. Pensar sobre o que as pessoas usam IA para buscar e criar conteúdo que seja o melhor para essas necessidades específicas. Consultas complexas sobre aconselhamento, instruções e comparações representam oportunidades. Esse direcionamento alinha-se com estudos que mostram crescimento de consultas conversacionais e contextuais.
Os dados estruturados e sinais de qualidade mantêm relevância amplificada
A importância dos dados estruturados cresce exponencialmente no contexto do AI Mode. O sistema utiliza informações estruturadas para compreender contexto, relacionamentos e hierarquias de informação. Sites com implementação robusta de Schema.org e outros padrões têm vantagem na seleção e referência por sistemas de IA.
Enquanto isso, os sinais tradicionais de qualidade não apenas permanecem relevantes como ganham nova dimensão. A originalidade de conteúdo, citação de fontes e demonstração de expertise tornam-se ainda mais importantes. O AI Mode busca informações verificáveis e confiáveis para construir respostas. Sites que demonstram esses atributos consistentemente têm maior probabilidade de serem referenciados.
Por sua vez, a integração com produtos Google adiciona camada adicional de oportunidade. O AI Mode acessa diretamente o Google Shopping Graph, Maps e outras bases de dados estruturadas. Empresas que mantêm presença consistente e atualizada nesses sistemas aumentam as chances de visibilidade em respostas generativas. Isso reforça a importância de estratégias integradas de presença na internet.
O futuro do SEO: expansão através da inteligência artificial
As declarações de Robby Stein confirmam que o SEO não está morrendo, está expandindo. A inteligência artificial expande o universo de buscas possíveis, criando novas oportunidades para os profissionais que compreendem essa transformação. O crescimento de 70% nas buscas visuais e a expansão geral das consultas demonstram vitalidade contínua do ecossistema de busca.
Por sua vez, a permanência dos princípios básicos de qualidade oferece continuidade importante. Satisfazer a intenção do usuário, demonstrar expertise e oferecer conteúdo original continuam sendo pilares da visibilidade online. O que muda é como esses princípios são aplicados em ambiente onde as máquinas fazem dezenas de consultas simultâneas através de query fan-out.
Além disso, o surgimento do GEO como disciplina complementar ao SEO tradicional representa evolução natural. Os profissionais precisam desenvolver competências para otimizar tanto para rankings tradicionais quanto para menções em sistemas de IA. Essa dualidade define o novo paradigma da otimização para motores de busca.