O crescimento exponencial do tráfego vindo de inteligências artificiais nos EUA marca uma transformação na forma que a descoberta e busca por marcas é feita.
Dados recentes da Previsible, analisando 19 propriedades no Google Analytics 4, revelam um aumento de 527% no tráfego proveniente de plataformas como ChatGPT, Perplexity, Claude, Gemini e Copilot entre janeiro e maio de 2025.
Trata-se de uma reconfiguração fundamental na forma como consumidores descobrem marcas e produtos. Alguns sites de SaaS já registram mais de 1% de todas as sessões originadas por modelos de linguagem, com setores como jurídico, saúde e finanças liderando essa transformação.
A velocidade da transformação causada pelas IAs supera precedentes anteriores — adoção do mobile-first ou consolidação das redes sociais — exigindo uma adaptação imediata das estratégias pelas marcas que querem permanecer relevantes.
Como as IAs estão transformando a descoberta online
O tráfego de IA não se distribui uniformemente entre setores. A análise dos dados revela padrões específicos que indicam onde e como consumidores utilizam ferramentas de inteligência artificial para buscar informações.
Setores de alta consultoria dominam o cenário. Legal, finanças, saúde, pequenas e médias empresas e seguros representam 55% de todas as sessões originadas por modelos de linguagem. Este padrão reflete a natureza das consultas direcionadas às IAs: perguntas contextuais e complexas que tradicionalmente seriam feitas a especialistas humanos.
Os usuários não tratam IAs como mecanismos de busca tradicionais. Formulam questões específicas como “Quais cuidados devo ter ao assinar este contrato?” ou “Como estruturar folha de pagamento para uma floricultura com cinco funcionários?”. Estas consultas demonstram alta intenção e necessidade de orientação especializada.
O ChatGPT mantém a liderança, representando 40% a 60% do tráfego de IA na maioria dos setores. Entretanto, o Perplexity ganha força em finanças e serviços jurídicos, enquanto Copilot se consolida no ambiente corporativo. Esta diversificação indica que estratégias de visibilidade devem contemplar múltiplas plataformas simultaneamente.
Branding semântico: o novo posicionamento de marca
A descoberta por IA exige evolução do conceito tradicional de posicionamento de marca. O branding semântico representa aplicação dos princípios clássicos de Al Ries e Jack Trout com granularidade sem precedentes para a era das inteligências artificiais.
Onde marcas anteriormente competiam para ser “o melhor CRM” ou “a consultoria de marketing”, agora precisam ocupar posições específicas nos embeddings das IAs. O posicionamento eficaz torna-se “o software de gestão financeira para e-commerces com faturamento entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões” ou “a consultoria especializada em marketing digital para clínicas odontológicas em São Paulo”.
Esta especificidade extrema aumenta as chances de correspondência quando IAs processam prompts de usuários. Cada atributo adicional —- localização, faixa de preço, público-alvo, situações de uso —- amplia as possibilidades de citação em respostas geradas com IA.
A implementação do branding semântico requer mapeamento detalhado de todos os atributos relevantes do produto ou serviço. Internamente, isso significa estruturar páginas com schema markup detalhado e descrições que incluam especificidades técnicas e casos de uso. Externamente, envolve garantir que avaliações, comparadores e menções em outros sites reflitam consistentemente esses atributos.
As IAs consolidam posicionamento através da consistência entre múltiplas fontes. Quando um usuário pergunta sobre “melhor ferramenta de automação de marketing”, a IA cruza informações de dezenas de fontes para identificar quais marcas são associadas a atributos específicos. A marca com maior consistência e frequência nessa associação conquista o posicionamento semântico.
GEO: a evolução natural do SEO
O Generative Engine Optimization (GEO) emerge como sub-área do SEO focada especificamente em otimização para engines de inteligência artificial generativa. O objetivo principal do GEO é ser citado e referenciado em respostas de IA.
Enquanto o SEO tradicional busca posicionamento em listas de resultados, GEO visa integração direta nas respostas geradas pelos modelos. Esta diferença requer compreensão específica de como modelos de linguagem processam e referenciam informações.
A estruturação de conteúdo para GEO prioriza chunks facilmente extraíveis. Informações organizadas em bullet points informativos, resumos executivos no início de seções e dados com fontes claras aumentam chances de citação. Seções FAQ estruturadas em linguagem natural antecipam perguntas que usuários fariam diretamente às IAs.
O formato ideal combina pergunta direta otimizada para GEO com resposta concisa que a IA pode citar diretamente. O contexto expandido mantém relevância para buscas tradicionais, criando sinergia entre ambas as estratégias. Esta abordagem dupla maximiza a visibilidade tanto em SERPs tradicionais quanto em respostas generativas.
O futuro da descoberta digital
Estamos presenciando uma evolução na forma como marcas se relacionam com consumidores e constroem presença digital sustentável.
Os cliques diminuirão drasticamente na próxima década, mas se tornarão exponencialmente mais valiosos. As marcas que prosperarão serão aquelas que dominarem tanto o SEO tradicional quanto a nova ciência do GEO, criando uma presença digital verdadeiramente omnichannel.
O futuro será híbrido, combinando múltiplas modalidades e plataformas. A pergunta fundamental que toda marca deve fazer é: “O modelo vai se lembrar de você?”. Esta questão define sucesso ou invisibilidade na era da inteligência artificial.