ChatGPT sempre utilizou Bing, mas há rumores de migração para o Google; Gemini busca pelo Google, Perplexity combina Bing com APIs especializadas e Claude adota Brave Search
Os grandes modelos linguagens (LLMs), que alimentam inteligências artificiais conversacionais, não funcionam isoladas da web. Diferente do que muitos acreditam, essas IAs não dependem apenas de seu treinamento original para responder perguntas sobre eventos recentes ou informações específicas. Na realidade, elas utilizam mecanismos de busca para acessar informações em tempo real através de um processo técnico chamado grounding.
O grounding é o processo que conecta as respostas da IA a fontes verificáveis de informação, reduzindo significativamente as alucinações e aumentando a precisão factual. Quando você pergunta ao ChatGPT sobre notícias recentes ou ao Gemini sobre dados atualizados, a IA não está “lembrando” dessas informações de seu treinamento. Ela está executando buscas em tempo real, processando os resultados e incorporando essas informações em sua resposta.
Esta arquitetura híbrida – combinando conhecimento pré-treinado com acesso à web – torna fundamental entender quais mecanismos de busca cada IA utiliza. No contexto do Generative Engine Optimization (GEO), estratégia focada em otimizar conteúdos para aparecerem nas respostas geradas pelo ChatGPT e outras IAs, conhecer esses mecanismos permite direcionar esforços de otimização de forma mais precisa.
Contudo, esse cenário permanece fluido. As empresas raramente divulgam oficialmente suas parcerias de busca, e mudanças podem ocorrer a qualquer sprint de desenvolvimento. Recentemente, evidências técnicas apontaram que o SearchGPT do ChatGPT abandonou o Bing e migrou para o Google, demonstrando como essas arquiteturas evoluem rapidamente sem comunicação prévia.
Qual o buscador do ChatGPT?
Baseado em evidências técnicas disponíveis, o ChatGPT atualmente utiliza o Google como principal mecanismo de busca, representando uma mudança significativa da parceria histórica com o Bing. Análise de arquivos JSON gerados durante conversações do ChatGPT revelou 90% de similaridade com resultados do Google, comparado a apenas 30% com o Bing.
Esta descoberta contraria o consenso anterior de que o ChatGPT dependia exclusivamente do Bing, parceiro natural considerando o investimento da Microsoft na OpenAI. A migração silenciosa para o Google ocorreu sem comunicação oficial, mas as evidências incluem snippets idênticos, URLs com parâmetros específicos do Google Merchant Center e acesso a conteúdo processado via JavaScript através do índice pré-processado do Google. A transição pode estar relacionada à descontinuação da API de Busca do Bing, programada para agosto de 2025.
Para estratégias de GEO, esta mudança reforça a importância de manter otimizações focadas no Google, mesmo para visibilidade em IAs. Profissionais que desenvolveram expertise em SEO para Google mantêm vantagem competitiva direta para otimização no SearchGPT. A indexação no Google torna-se ainda mais crítica, especialmente considerando que empresas que bloqueiam crawlers de IA via robots.txt podem estar perdendo oportunidades de visibilidade no ecossistema ChatGPT.
Qual o buscador do Gemini e AI Mode?
O Gemini (que moverá o AI Mode) utiliza a infraestrutura nativa do Google Search, representando o caso mais transparente entre as IAs analisadas. Esta integração oficial permite acesso direto ao índice de busca mais abrangente do mundo, incluindo funcionalidades avançadas como Google Shopping, Maps e dados estruturados em tempo real.
A vantagem competitiva do Gemini reside na integração profunda com o ecossistema Google. O modelo acessa não apenas resultados de busca tradicionais, mas também dados do Knowledge Graph, informações de empresas via Google My Business e conteúdo multimídia indexado. Esta arquitetura permite respostas mais ricas e contextualmente relevantes, especialmente para consultas que envolvem informações locais ou comerciais.
Do ponto de vista estratégico para GEO, o Gemini representa o cenário mais previsível. Estratégias de SEO bem estabelecidas se traduzem diretamente em maior visibilidade nas respostas da IA. Dados estruturados, otimização para Knowledge Graph e presença consistente no Google My Business tornam-se especialmente relevantes. A integração com Google Shopping também significa que estratégias de e-commerce SEO têm impacto direto na visibilidade de produtos nas respostas do Gemini.
Qual o buscador do Perplexity?
O Perplexity AI opera com uma arquitetura híbrida que combina múltiplas fontes de dados, sendo o Bing seu mecanismo de busca web principal, complementado por APIs especializadas como ArXiv para papers acadêmicos e feeds diretos de notícias. Esta abordagem multi-fonte permite ao Perplexity oferecer respostas mais diversificadas e especializadas.
A estratégia do Perplexity diferencia-se pela curadoria ativa de fontes de alta qualidade. Além dos resultados do Bing, a plataforma incorpora conteúdo de publicações acadêmicas, jornais de referência e bases de dados especializadas. Esta arquitetura resulta em citações mais precisas e respostas com maior credibilidade acadêmica e jornalística, posicionando o Perplexity como alternativa para pesquisas que exigem fontes confiáveis.
Para otimização GEO direcionada ao Perplexity, a presença em fontes premium demontra-se importante. Publicações em veículos de imprensa estabelecidos, papers em repositórios acadêmicos e conteúdo em sites com alta autoridade editorial aumentam significativamente as chances de citação. A estratégia de Data Driven PR, produzindo pesquisas originais que gerem cobertura jornalística, alinha-se perfeitamente com a arquitetura de fontes do Perplexity.
Qual o buscador do Claude (Anthropic)?
O Claude da Anthropic utiliza principalmente o Brave Search como mecanismo de busca, conforme revelado por vazamentos de prompts do sistema e testes controlados. Esta parceria, não oficializada publicamente pela Anthropic, representa uma escolha interessante por um buscador alternativo focado em privacidade e independência.
A implementação de busca web no Claude foi lançada oficialmente em março de 2025, sendo uma funcionalidade relativamente recente comparada aos concorrentes. O acesso é restrito inicialmente a usuários pagos, indicando que a Anthropic está testando a estabilidade e precisão do sistema antes de uma liberação ampla. A escolha pelo Brave Search demonstra estratégia de diferenciação, evitando dependência dos mecanismos dominantes Google e Bing.
Do ponto de vista de GEO, a utilização do Brave Search pelo Claude exige adaptação de estratégias. O Brave possui algoritmos de ranking diferentes e menor cobertura de indexação comparado ao Google. Para garantir visibilidade nas respostas do Claude, é fundamental verificar se o conteúdo está indexado no Brave Search e otimizar especificamente para os fatores de ranking desta plataforma. A menor competitividade no Brave pode representar oportunidade para domínios que investirem cedo nesta otimização.
A importância dos buscadores tradicionais no contexto da IA
A análise dos mecanismos de busca utilizados pelas principais IAs revela uma dependência fundamental dos buscadores tradicionais, contradizendo narrativas sobre a obsolescência do SEO clássico. Mesmo em um cenário de transformação acelerada, Google, Bing e Brave (mas sobretudo o Google) continuam sendo a infraestrutura que alimenta as respostas das inteligências artificiais.
Esta realidade reforça que não estamos testemunhando uma substituição completa dos mecanismos de busca, mas sim um acréscimo de camadas de complexidade. As IAs funcionam como uma interface conversacional avançada sobre os índices de busca existentes, processando e sintetizando informações através de grounding em tempo real. O que muda é a forma de apresentação das informações, não necessariamente suas fontes primárias.
Para profissionais de marketing e SEO, isso significa que competências em otimização para buscadores tradicionais permanecem valiosas e aplicáveis. A diferença está na necessidade de adaptar estratégias para favorecer a citação pelas IAs, focando em chunks de conteúdo extraíveis, dados estruturados e popularidade de marca. O GEO aparece não como substituto do SEO, mas como sua evolução natural para um ecossistema híbrido de buscas.